domingo, 3 de abril de 2016

Para Angola, rapidamente e em força!


Não nos sai da memória nem do coração o Portugal Ultramarino, a missão católica de civilizar indígenas, o direito histórico que temos sobre povos que trouxemos ao colo e à chapada antes de se tornarem autónomos e, contra nossa vontade, se transformarem em nações para, bem ou mal, andarem pelo seu próprio pé!
Definimos-lhes as fronteiras, oferecemos-lhes alfaiates para os fatos  dos seus chefes e demos-lhes o mote para as suas leis e os seus sistemas judiciais. 

Mas é preciso estarmos vigilantes. Podemos tolerar guerras fratricidas entre eles, o petróleo bruto e sujo que compra meio Portugal, os meninos de Luanda, mas nunca permitiremos que um grupo de jovens pequeno-burgueses seja condenado por, segundo a nossa imprensa completamente séria e independente, ter lido um livro em colectivo.

Sobretudo porque não se passa na Zâmbia, no Quénia ou na Nigéria! Passa-se em Angola um país que se saiba, ainda é um bocadinho nosso!

E então, há que pôr a soberana Assembleia da República, da república tutora, a atirar juízos sobre a decisão judicial do jovem país soberano. Não interessa, portanto, que não se tenha igual zelo para situações bem mais claras de limitações à liberdade de expressão, que se ponha em causa o superior interesse da nação no que toca a relações entre nações, que se esqueça o que se passa dentro da nossa própria casa, Angola ainda é um bocadinho nossa e isso basta.

Esqueçam! Colonos saudosistas! Angola já não é nossa! ACABOU-SE!

Mas pronto, por cá, pode haver diferentes opiniões, estamos num país livre! Mas ai de quem não se levante para condenar, quem não atire pedras à nação adúltera! 

Sabemos que certa esquerda benetton e certo esquerdismo de podoa, mais do que atacar o governo de Angola, os negócios dos sócios do PS/D ou do CDS, se baba de indignação pela esperada serenidade dos comunistas portugueses que, diz-se, só o fazem porque o MPLA paga terreno na Festa do Avante! Conhecemos bem a lista dos convidados do casamento de Isabel dos Santos. Aprendemos que as primaveras árabes, cariocas ou da china, trazem sempre uma ideia engraçada e peregrina: vamos propor um voto!...

Dou-me bem com toda a gente, até com Deus mantenho uma relações bastante satisfatórias, baseadas no princípio da não ingerência nos assuntos internos. Estou solidário com os presos políticos de Angola e de qualquer parte do mundo. Não simpatizo com as oligarquias de poder que se parecem ter formado em muitos países africanos. Com estes media, sei muito pouco do meu país, quanto mais de Angola! Com esta esquerda mediática, sinto-me muito mais sereno com a esquerda silenciada!...

6 comentários:

Zé Povinho disse...

A liberdade de expressão e de reunião são valores da Democracia, aqui ou na China. A discordância com o que o governo angolano fez, e pratica, não nos permite julgar todo um povo, pela decisões duma elite governante. Faço uma distinção entre a elite cleptocrática dominante e o povo, aliás bem sofrido por causa dos interesses do capital e do petróleo, que não conhecem fronteiras.
Abraço do Zé

cid simoes disse...

Para os dstraídos e não só:
https://abrildenovomagazine.wordpress.com/2016/04/02/artigo-no-blog-acordar-portugal-sobre-angola/

Manuel Veiga disse...

dois pesos e duas medidas trazem-me sempre azia...

O Puma disse...

Pelos vistos gold
o dinheiro não tem cor
A coisa nunca foi fácil

do Zambujal disse...

Muito bem. Digo-o muito sisudamente. E atento até doer, preocupado até temer esta curva da História parecida com tantas outras,embora todas diferentes.
Obrigado pela forma como consegues dizer o que tem de ser dito, A quem? Como?
Forte abraço.do Zalbujal

José Lopes disse...

O dinheiro não tem cheiro, mas a falta de coerência pode empestar o ar...
Cumps